quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ARBORETUM

Éva F. – último poema na despedida
de um amor verdadeiro.


Depois de lavar sem pressas um a um
os pés refeitos de mais um dia
com um pouco de água erótica
calço-te as meias de vidro que te trouxe
até ao início guloso das coxas.

Recomeço meu destino de escrever
ofício esta profissão sem futuro
beijo a beijo até não mais sentir
os nossos lábios a tua língua de serpente
húmida redentora como o pecado original.

Um faisão quase perdiz sem coutada
imagina-se caçador de alegria fugaz
da beleza na erva quase impressionista.
Queria assustar-nos assustar-te mas acabou
por adormecer feliz a sonhar com o nosso prazer

Szarvas, 21.09.1983.

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