quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

UM FADO PÓS-IMPRESSIONISTA

Sobre o quadro “Descanso do Trabalho”
Van Gogh

Deixas que as cores vivas
que tanto gostaria de pintar
nas tintas diluídas dos sentidos
transformar sentir depois cantar
se espalhem pelas minhas palavras
dissimuladas pelas telas
primeiros esboços ou destinos
no mistério dos teus olhos.

São pinceladas e são guitarradas
no instante fugaz da cidade
fábulas de ontem esquecidas
das uvas do arroz e das favas
dedos de linho sobre as cordas
onde deixas toda a fraternidade
no mar disfarçado que inventas
pintor de luz e de rosas brancas.

Eu só gostaria de saber escrever
encontrar o caminho perdido
para um fado impressionista
que uns pintam para que eu cante
na cintura industrial do sonho
com a alma social do artista
e deixar que as tuas cores vivas
se espalhem pelas minhas palavras.

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