quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

HAPPY – END

Certo viajante – lembrou o poeta Abdalmik – fala
de uma árvore cujos frutos são pássaros verdes.
É menos difícil acreditar nele que em rosas
com letras.”
Jorge Luis Borges


O poster de Marilyn acabou por rasgar-se
quando quebraram à cotovelada o vidro
do wc dos homens numa cena típica dos sábados.
O empregado de mesa adorava correr
as patas chocas à pedra e apalpar as nádegas
às mulheres amadurecidas em chás tostas e torradas
sempre à coca e disponível dizia baixando os olhos
não tenho a culpa é o destino são os rabinhos
garantia a pés juntos e dedos cruzados
ao patrão e às vezes ao chefe da policia local.

O santo falou gritou no meio da esplanada
juro que o santo falou que torço o pescoço
à franga que vagueia e foge pelo mato
como uma perdiz no musgo dos teus olhos.
Eu também acrescentava sorrindo
quando servia donzelas solteiras e casadas
com os seios à espreita no vestido arejado
em soutiens de boutique que bem sustinham
espreitavam por entre as pernas de Mari
que o resto já tinha sido comido pelo sol.

Mas a festa a escola mudou de palco
era menos exigente o liceu mais liberal
a universidade parecia mais popular.
O professor começava as suas aulas
solene – não se esqueçam que a estatística
é como o biquíni mostra quase tudo
mas esconde o essencial.

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