quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RAPARIGA DO CARAPAU

No porto de abrigo da pesca
o salva-vidas esperava a chamada
nos segredos da fé e do povo
da procissão das sete saias
e da retórica muito mais moderna
à das raparigas do carapau.
Carapau fresquinho ó freguesa!

Traziam as mãos de pimenta à cintura
moedas e trocos nos bolsos do avental
canastras de peixe sem sal
presas à cabeça no equilíbrio
do óleo condimentado da trança
dessa Pederneira solene e sagrada.

O Menino Jesus feito homem na cruz
no vale apertado dos dois montinhos
quem sabe se tão brancos – ó criatura! –
como usava ainda apenas ontem
– no ano anterior? – a Maria primeira de Gdinia
na minha história inventada de amor.

Com a baixa-mar fica o silêncio
dos lábios já secos na praia suspensa
pelos dedos ausentes da tarde
pelas festas que o sonho me oferece.

Sem comentários: