quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

INTERIORES

„Mil sonhos eu sonhei. E foram mil enganos.”
Manuel Alegre


Para Victor Medina


1. Há sempre uma porta entreaberta.
Uma ponte que nos conduz a lado nenhum.
Não somos nós. São as nossas pernas algum cansaço
mais esse desejo avô eterno de liberdade.
Liberdade peço silêncio uma noite completa.
Uma banda de músicos amadores
e muitos foguetes pela alvorada.

2. À liberdade dê-se-lhe nome óculos de sol
forma de vida comum países de ecologia pura.
Da liberdade diga-se gatinho manso da esquina
mais o povo caladinho e outros menos
blindados internacionalistas que bastem
automáticas nacional patriotas
e muito lucro casas de putas. Gente fina.
Deixem algum vinho bares e muita cerveja.

À liberdade dê-se-lhe fardas e mãos fortes
e um punhal transparente e invisível
o pior inimigo que passe janelas paredes e fronteiras
corpos ardentes mais os três rios discretos do sonho.
Que lhes trespasse o coração sem alarido
repórteres incómodos cadeias televisivas.

3. Não somos nós são as nossas pernas
uma ponte que nos conduz a lado nenhum.
Uma porta entreaberta
por onde entra a liberdade
sem se anunciar fingir insinuar
encher a barriga de pão e adormecer na água.
Ser penetrada sem saber nem sentir
esta liberdade com forma de cão
e conteúdo de begónia a mais azul
de imaginar e não se vender não se rasgar.
Sem cor sem cheiro sabor a merda livre e futurista,

4. À liberdade não se dê atenção cremes
chocolates águas termais e banhos públicos
corridas de cavalos chicotes e alimentos sensuais.
À liberdade pela liberdade peço silêncio
e uma banda de músicos amadores manhã cedo
pois há sempre uma porta entreaberta
um pensamento íntimo e interior
e uma ponte que nos leva a algum sítio.


Budapeste, 16.10.1986.
INTERIORES
„ Mil sueños yo soñe. Y fueron mil engaños”
Manuel Alegre

Para Victor Medina

1. Siempre hay una puerta entreabierta.
Un puente que nos conduce a lado ninguno.
No somos nosotros. Son nuestras piernas, algún cansancio
más ese deseo abuelo eterno de libertad.
Libertad pide silencio una noche completa.
Una banda de músicos amadores
Y muchos cohetes en la alborada.

2. A la libertad deséle el nombre gafas de sol
forma de vida común, países de ecología pura.
De la libertad diga-se gatito manso de la esquina
Más el pueblo calladito y otros menos
blindados internacionalistas que bastan
automáticas nacional patriotas
y mucho lucro casas de putas. Gente fina.
Dejen algún vino bares y mucha cerveza.

A la libertad deséle uniformes y manos fuertes
y un puñal transparente e invisible
el peor enemigo que pasa ventanas, paredes y fronteras
cuerpos ardientes más los tres rios discretos del sueño.
Que les trespase el corazón sin alarido
reporteros incómodos cadenas televisivas.

3. No somos nosotros son nuestras piernas
un puente que nos conduce a lago ninguno.
Una puerta entreabierta
por donde entra la libertad
sin anunciarse fingir insinuar
llenar la barriga con pan y adormecer en el agua.
Ser penetrada sin saber ni sentir
esta libertad con forma de perro
y contenido de begonia de lo más azul
de imaginar y no venderse no rasgarse.
Sin color sin olor sabor a mierda libre y futurista,

4. A la libertad no se le de atención crema
chocolates aguas termales y baños públicos
corridas de caballos chicotes y alimentos sensuales.
La libertad por la libertad pide silencio
y uma banda de músicos amadores mañana temprano
puesto que siempre hay una puerta entreabierta
un pensamiento íntimo e interior
y un puente que nos lleva a algún sitio.
tradución de Victor Medina

Sem comentários: