quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

TABERNA MATINAL

Percorre todos os pensamentos
com os cuidados de velha raposa sabida
pois nem as imagens do fogo são santos
até mesmo no templo do vinho multiplicado
que atraía os crentes mais que as tabernas
e o padre quis provar as uvas beatas
ai a carne devota da mulher do sacristão
e a pata sobreviveu coitadinha como milagre
ao lapso inquisição do azeite esturrado.

Tentaram pela última vez este inverno
segundo o correspondente estrangeiro
da televisão pública sem carro exterior
dentro do estômago do tontinho internado
que confundia a minha irmã enfermeira
com o técnico electricista do hospital.
Protestava por não mostrarem em directo
a viagem abelha sobre o Atlântico Norte.
Orgulho e alegria de todo o povo insecto.

Nas rádios não era notícia o normal da vida
que o medalha de ouro da maratona olímpica
não acusou doping e que os generais
não tinham com um golpe de estado
mandado a democracia para o congelador.
Os matadouros e as fábricas funcionavam
assim como os cafés os transportes colectivos
os quiosques dos jornais a mercearia da rua
e os jogos dos juvenis no domingo de manhã.

Desde a cantina até à baixa a protestar
com cantos e cartazes em defesa do pão
dos trabalhadores a trabalharem para os filhos.
Apenas as universidades alguns liceus
continuavam fechados e os alunos nas bermas
à boleia para as esquinas do futuro.

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