Para Manuel Branco
Aos poucos esquece-se dos bolos
dos pães das suas pombinhas
nem o barco furtivo do fotógrafo
perturba a calma que envolve.
Volta-se para o interior do pátio
com vigor a padeira ainda amassa
limpa o suor com o pano branco.
Repousa os olhos as ferramentas
entrega um sorriso ao anjo da guarda
os dentes nos lábios pernas mais altas
devido a ondulação entra água na máquina.
São a imagem difusa ao espelho
desprende o lenço a farinha do corpo
nem precisam da mão-cheia de sal ao fogo.
Os pássaros pousaram na massa
toda a fornada se queimou
até à boca flash do prazer. Era já noite
quando chegou o primeiro cliente.
Paris, 13.09.1984.
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