quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A MOLEIRA DO VIZINHO

Sobre “El sombrero de tres picos”
Manuel de Falla

O vento desce a colina
inquieto parece dizer:
Ó moleiro não te atrases
e ao regedor poderoso
abre as portas da trovoada.
Muita faísca tanta água!

Ó moleira ó moleirinha
tem cuidado minha linda
que o regedor manda chuvas
astuto e com mansas palavras
por entre as tuas pedras claras
quer banhar-se nas águas ternas!

Sabe estar agora sozinho
pensa os bons modos e perfumes
não te vão deixar dizer não
mas faz de conta que não sabes
que por perto não há vizinho
e dá-lhe um copo de bom vinho

Ó moleira ó moleirinha
fina sê tu a seduzi-lo
nos movimentos da tua saia
e do teu lenço de mil cores
põe-lhe a cabeça em água.
O teu homem está na cadeia!

Ó moleira ó moleirinha
dança continua a dançar
a mover-te por entre as sombras
da pouca luz do teu moinho
leva-o lá até à azenha.
O teu homem está a caminho!


Palavras escritas em Budapeste e ainda em
Lisboa, Peniche, Porto, Braga, Estoril, Funchal,
Vilamoura, Sófia, Zagreb, Salzburgo e aeroportos
de Frankfurt, Munique e Praga.

Sem comentários: