quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PAÍS QUE ME VAI ADOPTANDO

No auge da festa elevaram os cálices
à altura do céu no coração do norte.
Aí já o povo feliz da nação saiu à rua de novo
que isto de ser campeão europeu no vinho
ou no futebol não está ao alcançe de todos.

Eu com a bíblia desportiva descasco as palavras
como quem tira as escamas do safio dos sentidos
e com as tripas alimenta os gatos pretos
relembra o pianista a copinhos de licor
nas noites longas do bar pequeno do fumo .

Lanço um olhar de milho mirrado sobre
este país que sem pressas me vai adoptando
onde se diz que porco esfomeado
com bolotas sonha e um poeta desconhecido
com fama se deita e glória se levanta.

Na despedida que anuncia o vale formiga
da saudade colectiva no último apeadeiro
encontro finalmente na pedra da coragem
e na madeira da filosofia o texto em verso.

– O povo benzido nunca mais será cozido
no caldeirão a ferver do comilão joão ratão!
O povo cozido nunca mais será benzido
com o comilão joão ratão a ferver no caldeirão.

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