quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ESPERA SENTADA


Ela espera e desespera
as pernas dobradas
a saia não chega
para tapar os joelhos
tece e escurece faz malha
as unhas arranjadas
aveluda os olhos
no espelho da parede.

Ela espera e desespera
pela noite sentada
a língua abandona-se
ao hálito da boca
num banquinho de pau
a pedra está tão fria!
Com as costas apoiadas
na arca das mercearias.

Ele há-de vir da cidade
bem posto mais jovem
mais sábio mais viajado
mais resistente e irresistível
com a mala das ilusões
carregada de seduções e tentações
vestidos e perfumes
e os maus tratos de sempre.

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