quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

MARCHA DO MARISCO


Comia depois da festa dos amigos
do tacho restos assados da morcela.
Cantava em Janeiro com os vizinhos
à janela mesmo em frente da capela.

Ó santa santinha santola camarão
caranguejo ameijoa e berbigão
lavagante lagosta e lagostim
sapateira desse Dezembro sem fim!

Sapateiro que já sapatos não fazia
e marisqueira que não é sapataria
desculpas nesta marcha do marisco
perfume perfeito ó perdição do petisco!

Moça modista mosca-morta sorria
a romaria ao longe já se ouvia
rosa-dos-ventos salva-vidas do refrão
na Rua das Portas de Santo Antão.

Ó santa santinha santola camarão
caranguejo ameijoa e berbigão
lavagante lagosta e lagostim
sapateira desse Dezembro sem fim!

Isto porque lá fora assim ensinava
às filhas os sons da língua portuguesa
e as palavras como sabores cozinhava
– barrigas da pátria barricas de cerveja.

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