quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

BAILINHO DAS GUITARRAS

Pedro e Paulo diz-se de Roma seriam
mas se nem pastas nem amoras comiam?
De Lisboa e do fado talvez por adopção
aqui tropeçaram nas calçadas da tentação
e com pinhas mansas e pinhões sem mágoa
cantava: sim! Venham que estamos em Lisboa.

Se Amendoeira rima com laranjeira
e Pinhal com Rei e livros de Portugal
Paz perspicaz seria um ás nas cartas
se Coimbra doutor não fosse tão igual.
Essas margaridas que cresciam tão próximas
célias espalhavam as palavras pelas pétalas.

Porque no pinhal da paz longe ainda
de Coimbra na terra da ti’Olinda
diziam sábias as velhas matreiras
– dá Deus amêndoas e amendoeiras
a quem tem olhos na voz dedos e coração.
Ouvir a neta ia o avô todo pimpão.

Junto ao aqueduto dos sonhos novos
e no Rossio dos lábios salgados
do Tejo onde todos querem ter mais sede.
Guardam na varanda a colcha já amarela
pelo sol em Belém dão gosto à canela
na simetria noitinha moscatel da fome.

Não! Não digam que o Fado não é alegria
bailinho das guitarras e poesia de cordel
com cortiços abelhas das acácias fazer mel
a quem tem olhos na voz. Cantava melodia
– tenho pedros e paulos vocês têm-me a mim
e Deus minha mãe Lisboa meu pai querubim!

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