Mesmo sem abrir
os olhos
deixa espalhadas
umas pinceladas
na transpiração
viva das cores
pelas altas
temperaturas do alcatrão.
Ali onde às telas
inacabadas
se acomoda o seu
peito de pedra
em traços rápidos
de mais unos dibujos
os últimos
retoques dos corpos
para merecer um
bom almoço contigo.
Mesmo sem abrir
os olhos
recorria a todas
as forças para decifrar
os segredos
forrados de veludo
por detrás da sua
janela fechada.
Sorriso ousado de
trapezista sem rede
desenhado no
dourado das cortinas.
Só muito mais
tarde soube
mesmo sem sair da
penumbra
que conhecia o
histórico do seu olhar.
Os sinais da
biblioteca o livro proibido
entregue por
debaixo do balcão
por cima das
saudades da tua mão.
À pressa a fugir
dos olhos abertos
do competéncia
dos agentes nunca ausentes.
Assim o calvário
da liberdade
do mito da dita
ditadura do proletariado
da vitória bruta
do ferro sobre a insubmissão.
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