"Há rios que
chegam subitamente
atraídos pelo
fulgor dos dedos" Eugénio de Andrade
Há rios citadinos
nas palavras
esquecidos sem
querer no banco traseiro
do último
autocarro da noite.
Palavras grossas
que falam por si
impressas nas
costas do pulôver.
Falam de poemas
de ideias e resumos
com a roupa
urbana bem justa
alongada sobre o
corpo moreno
de sapato alto
para subir e destacar.
Coxas que
incendeiam a fotografia.
Da nudez captada
pelo olhar
quando se vestia
pela manhã
com as cortinas
levantadas
pois com audácia
digital da televisão
tinha aprendido as exigências do mercado.
tinha aprendido as exigências do mercado.
Que se cultiva da
abundante imaginação
das vendas paradas na loja de malhas
das vendas paradas na loja de malhas
da torrada antes
de saír de casa
já sem tempo nem
alma para se arranjar.
A correr atrasada
para o emprego.
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