"É de linho
o teu verso fiado no destino
dum país ao luar
dum fio de azeite"
in "Retrato de António Nobre"
in "Retrato de António Nobre"
As palavras
embebidas em aguardente caseira
aquecem e
desfazem-se na escuridão dos sentidos
no alçapão
transparente das ideias mais profundas.
Mas não negam
aquilo que na verdade sempre foram
cumplicidade e
entrega troca de curtas mensagens
o enxofre da
vinha o martelo da madeira mais dura.
Para bater a
carne espalhar pelo tampo da mesa
do tempo da fome
sem força para morrer
dar nas
canelas dizer que não ao Grande-irmão.
E então não
era que sentada no barril de carvalho
na cor turva
cultivada no azeite fino dos seus olhos
não resistia
e dócil se deixava comer pelo leão!
Sagrado que
enquanto comia não falava nem ouvia
os seios
euforia debaixo da bata bem apertada
a dar de si
os bicos não poderiam estar mais tensos.
Nem o melhor
detergente do mercado grandalhão
a luz perversa
dos olhos a lei cega do olhar.
Não importa o que
pensam a língua é da serpente.
Sem comentários:
Enviar um comentário