Recolhe as
palavras fechadas no peito
partilha a
desilusão das falsas profecias
esquece os
piolhos a caspa do louco
e divide o povo
como pão das maresias.
Meu irmão
torneiro-mecânico das minas
empregado ou
limpa-chaminés do azar
personagem sem
história nem televisão
um nada mesmo que
tenha sangue e coração.
A não ser por ser
sexta-feira e o gato preto
andar com as
ingratas promessas da gata do cio.
Isso de
lavadeiras a lavar com sabão
não passam de
fotografias do século passado
como o operariado
e sindicatos a sério.
Nos tempos da
ditadura nas férias de verão
ia feliz à
farmácia levantar o jornal
para ser lido na
taberna-barbearia do meu tio.
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