"Em Lisboa
vendendo a minha fruta
de azeite e mel
de ódio e saudade" in "Cidade"
Os seus seios de
cinza gravados na cortiça
no vestido de
rainha moldado ao corpo da desalmada
com bicos de
carvão serviam nocturnos às mesas.
Champanhe com
gravatas sintéticas da cor dos collants
trabalho todo
feito pelo paciente proletariado chinẻs
explorado e muito
mal pago feliz por ter emprego.
Radiografia
negativa e perpicaz do fascínio da liberdade
de trabalhar e
dormir ás vezes cobrir e ser cobertor
furão o camarada
maior comia as melhores melancias.
Parava para
refazer contigo sem medo do senhorio
a casa da luxúria
e da ousadia a voz baixa transformada
e no sábado
cortar a relva onde crescia sensual a poesia.
Poderiam ser dos
espelhos das suas partes inferiores
sombras que
ajudam o faro do cão a não se perder
e a encontrar o
caminho para a praça da cidadania.
Conquista última
do século que agressivo o avaliador
como um cilindro
de nojo herói sedento de dor
quer destruir e
aplanar por conveniência e conivência.
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