"e devagar
tornei-me transparente"
Sophia de Mello
Breyner Andersen
Escrevia nas
paredes do liceu nacional
envolvida no disfarce
e embrulhada
na túnica
transparente da pouca sorte.
Aqui antes da
morte ninguêm se rende!
E nem com deus o
povo desiste!
Dizia com a
alegria das certezas absolutas
enquanto extendia
os braços à lua
pegava nas mãos
da nossa negação
e com a ponta salgada
dos dedos
fazia uma festa demorada de mar calmo.
fazia uma festa demorada de mar calmo.
De envelope e
correio postal
quase em segredo
espalhava
as últimas novidades do litoral.
Desde a fronteira
entre o abismo
da bruxa
descoberta pela bússula
até ao bilhete de
avião por validar.
À noite cresceu
ficou mais linda
no fundo dos seus
olhos imensos
envolvia o verão
de contentamento.
Escrevia a
vermelho nas paredes do tribunal
exigindo a
verdadeira justiça popular
nas madrugadas
sadías do seu coração.
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