Apesar da chuva a
gabardine
estrategicamente
aberta
mostrava as
pernas perfeitas
aos que aquela
hora ali passavam.
Nem a chuva
oblíqua
de que escreveu
Pessoa
ganhou coragem
para as tocar
nem os olhos do
homem
que matinal
passeava o cão.
Nem mesmo quando
este
rafeiro e
matreiro juntou o pêlo
à pele brilhante
das meias de vidro.
Ao mais simples
cidadão
pareciam
porcelana oriental
humedecida pelo
bafo do passeio
pela vidraça
oculta molhada
pelo culto divino
do pecador.
Que vergonha!
Ficou noite clara
quando cruzei o
meu olhar
com os olhos do
dono do cão.
Continuamos em
frente
vontade de deixar
a imaginação
a dar cavalos e
força ao motor
projectos para a
bainha da ilusão.
Sem comentários:
Enviar um comentário