sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

TRISTE SERIA LISBOA SEM FADO

Sei que sem hesitar trocariam
a traineira marítima do sonho
mão-morta abre a janela da vida
pela voz tecida pela luz fina
para guardar com muito cuidado
no fundo do coração do oceano
pelo fado que conta o segredo
das chaves do céu no cacifo de Pedro.

Sei que sem hesitar trocariam
as palavras mais lindas da tarde
a longevidade dos sentidos
a forma exacta do vento norte
pelos tapetes de nuvens e utopias
as varandas decoradas de giestas
pelo colorau em pó dos teus lábios
feitos à medida das águas da sorte.

Sei que sem hesitar trocariam
as amêndoas amargas do silêncio
feito ternura da madeira mais dura
pelas guitarras macias dos dedos
os rostos mais claros da madrugada
pelas cinzas povo que ilumina
e a nós nos indica o caminho.
Que triste seria Lisboa sem fado!

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