sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

AR

(Era o ar puro da liberdade)

Enquanto a terra se cobria
de mil mares de água salgada
o frío de pescar à linha o futuro
percorria os bairros insurectos
recolhia cada um dos pensamentos
sem medo do falatório e da má-língua.

A água que subia depressa
na casa clandestina da conspiração
apagava a chama o fogo intenso
essa maldição madrasta da fogueira
com algumas pedrinhas de sal
que fazia do ar as cinzas mais opacas.

Perto da devoção da praça de toiros
do abismo jovem da luta final
enquanto a terra se mexia
com a colher de pau das ideias
pelas janelas abertas da cozinha
o almoço que mais parecia uma canjinha.

Perto da casa da papoila-mocinha
mais formosa de década da utopia
era o ar mistério da igualdade
servida em pratos de ingenuidade
os pacotes-mãe de bolacha maria
e as nêsperas das nespereiras do povo.

Quando este país Portugal
mostrava à Europa ao mundo
que ainda não estava morto.
Era o ar puro da liberdade
que inundava o largo principal
que envolvia a nossa cidade.

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