sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

TERRA

(Terra de todos e mais alguêm)

Terra de todos e mais ninguêm.
Terra de poucos e mais alguêm.
Terra extensa de pastos e baldíos
charruada gradada e destorroada
pelos torrões e dedos desnudadaa
no erotismo do feno aos molhos.

Talvez o passarinho rabo-de-palha
da erva recolhida quase seca
e armazenada ainda verde
para a formiga do longo inverno
do amor que a terra fértil cultive
com o fertilizante dos primeiros amantes.

Terra quente terra aquecida
pela fogueira do formigueiro
por terras que seriam movedíças.
Terra fértil fertilizada e renascida
pelo fertilizante inóspito da química
do prazer dos primeiros amantes.

Terra de vespas de veludo perigoso
pragas insectos e ervas daninhas
que crescem sobre o formigueiro
que escrevem com comichão
nas costas nos dedos nas mãos
na árvore da formiga feiticeira.



Sedução jovem de pão preto

do amor alado da única rainha.
Formiga de asas brancas caídas
de princesa nascida ainda virgem
amada vir à praça ser fecundada
pelo formigão que não resiste.

A água-benta de acasalar a formiga
a rainha com o plebeu mais negro
o mais robusto do formigueiro
triste a morrer deserdado da paixão.
Em fila um e depois outro e outro.

Mas a hora era da rainha e do formigão
para que a dinastia se mantivesse azul
nas terras de sequeiro e de regadío.
Terra de formigas escolhidas.
Terra de poucos e mais alguêm.
Terra de todos e mais ninguêm.

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