sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

FADO JOĂO E MARIA DA CONCEIÇĂO

Com os dedos secos quase gastos
toca sem parar arranca a melodia
da concertina francesa que um irmão
da Maria da Conceição comprou
a um bom preço em segunda mão
quando passaram a viver juntos
em Alfama numa casa arrendada.

Boa ajuda no ganha-pão dos dois
poder comprar o pastor-alemão.
Desafinada como a sua voz rouca
arrastada que podia ser de palhaço
de circo pobre sem eira nem beira
de trapezista sentado na escuridão
de voz conhecida da rua de Lisboa.

Junta algum João da Concertina
leva-a a passear de comboio foguete
até à cidade do Porto ao rio Douro
do bom vinho e do melhor futebol
para três dias sem a grande a lotaria
onde não tenha que vender a sorte
sem sorte nenhuma para ela diria.

Saí com ela de barco da Ribeira
com bar e restaurante manda vir
uns torresmos pataniscas uns rissóis
pede ainda um cimbalino à maneira
que a ginginha é oferta do capitão
da mãe da tua poesia do nosso fado.

Pela bengala branca do destino
mesmo no escuro não te esqueças
o homem dela és tu João da Concertina
que entre plágios e tanta seduçao
o único brilho do sol que ela quer
é aquele que aquece a tua mão.

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