sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

AS PALAVRAS DESFAZEM-SE


Caminhando pelo museu
observando o passado
anotava no papel amarrotado.

Sitiados na cidade os defensores
argila do rio de barro fresco
das redes do sistema defensivo.

Defendendo como ninguêm
como se fossem o último soldado
dessa razão que nos assiste
se fosse justo pensar assim.

Os nomes e os homens passam
e as palavras desfazem-se
na escuridão das ideias
no texto aldrabão da distância.

Enquanto a igreja sábia e previdente
decepava os sexos das estátuas
não fosse o diabo tecê-las
dar-lhes vida e sentimentos.

Com tanta fenda por aí
tanto telhado virgem de vidro
seria o bom e o bonito.

Nas acessibilidades da morte
no erro da avaliação do futuro
nem a escrita me faz imortal.
Mas é por ti que eu escrevo
é para ti a poesia.



Budapeste, Istria (Croácia) e Berlim, 2009
(Projecto – AS PALAVRAS CONTINUAM)

Sem comentários: