sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

LUZ

(a luz dentro de nós um dia)

Na mais comum das madrugadas
que anunciava a manhã
os barcos e braços da poesia
procuravam os caminhos da luz.

Do vermelho do sangue diziam
ser por vezes água do mar
de não saberem a tabuada
tabu de não saberem navegar.

Mas quando a luz naufragou
todas as mulheres do povo
cobriram-se da côr da noite
desde a ponta dos pés até ao céu.

O povo em mim é metáfora
não é vaca sagrada malhada
nem vitela nem bezerro
de basalto ou de granito.

Não é filosofía alemã
renascimento italiano
capítulo categoria da história.
Aqui o povo é apenas metáfora!

E na poesia meu amor
densa leitura há um dogma
ainda que vulgar frase feita
de vitrine da cidade terna

na sede da formosura não sei quando
mas em que simplesmente acredito
- um dia a luz da nossa cancão
será mais forte que a escuridão.

Budapeste, 2007-2008

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