quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O MOTORISTA O MENINO E O SINDICALISTA


A Cseh Tamás, muito mais que um cantor
e a quem já em 1982 escrevi em texto que começava
- Vá parte o copo Tamás, vá lá parte os copos!

Ave ausente a irmã gémea era mais discreta
mais siléncio por isso ninguêm se lembra dela.

A mãe-flor afinal em vez de cravo encarnado
já um pouco murcha era malmequer de estufa
com beiços muito pintados para compensar.
A língua azul de ladrilho ou azulejo nacional
de vaca tresmalhada porque o funeral inoportuno
lhe estragou a ida à ópera com os amigos.

Não podia ter morrido um dia mais tarde?
Fazia alguma diferença? Estes indígenas!

O menino precoce socialmente comprometido
quando for grande será libertário como é tradição
na família e da escola dos intelectuais em Paris
com o coração à esquerda e canivete a carteira
bem recheada no bolso da camisa à direita.

O menino de oiro formatado em tapas e mapas
e em ciência politica ficava parado à espera
- com uma grande carreira à sua frente.
Esperava coitadinho que o motorista
lhe abrisse a porta e ele saciado de mansinho
finalmente pudesse abancar o traseiro.

O sindicalista reformado que continuava
com o hábito saudável de não se calar
e mandar à merda com todas as letras dizia

- Olha lá! Foi para estes meninos-tótós
copinhos de leite aquecido em micro-ondas
que corremos com a ditadura fizemos a revolução?

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