quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CHOCOLATE SE DERRETIA


"Desde que nasci que todos me enganam
em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel"
António Gedeão

De longe pareceu que comia chocolate belga
com cheirinho envolvente a licor proíbido
anis azul de bordel a mais e avé-marias a menos.
Eram as fadas verdes dos artistas e dos pintores.

Deram agora lugar a mesas limpas sem moscas
bem comportados almoços de auto-estrada
para a rentabilidade objectiva da gerência com lucros
sem necessidade de recurso à fuga aos impostos.

Assim fossem as broas e e os pudins d'avó.
Sabia-se de fonte segura da decisão
pelo analista do risco a subir na hierarquia
de negar o pedido de empréstimo bonificado.

Este mau fígado da poesia de combate!
A culpa é do chocolate que religiosamente
que ela comia com um tal requinte feminino
comodamente sentada em frente ao retrovisor.

Daqui à distância de um olhar não sabia
devo dizer se era ela que comia o chocolate
se era o chocolate feito homem que a comia
e por ela e por dentro em fogo se derretia.

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