quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ELECTRICIDADE DO PRAZER


"e o teu amor que espalha tinta"  Natália Correia

Era um vestido de água interior
lavado e tingido em tinta
doce por dentro e por fora
colado à noite na esquina
camisas estendidas sobre espelhos
das varandas com sardinheiras.

Diziam ser a senha dos amantes
a mensagem-morcego da sedução
no disfarce de canoas pequenas
nessa água onde dançavam as lobas
em beijos de teimosia fluvial-lascíva
provérbios que não os deixavam mentir.

Sejam a luz da alma o desígnio da palavra
da mímica do olhar reflectido na água.
A metáfora da nudez do vestido engomado
passado a ferro pela electricidade do prazer.

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