quinta-feira, 2 de setembro de 2010

LAS MUJERES DE PICASSO


Sem segundas intenções afirmava
que o pano que servia
para secar as mãos e a testa
poupando usavam para limpar o sexo.
Parece que as mulheres de Picasso
já sabiam se lavado fica como novo.

Desenhar as bocas cruzadas
no cabide tonto da luz de madeira
os beijos de falso marfim
pendurados no bengaleiro austero
na messe oficial da noite franquista.

Colava língua como ninguêm
com cuspo condimentado de carteiro
na nudez distante do modelo
os morangos vindos da Galicia
nos bicos carregados de begónia cansada.

Pôr o sol a brilhar no bolso na carteira
do cavalete entre as pernas de pau-preto
local onde as enguias acasalavam Pablo
por debaixo das intimidades precoces
da folhagem expessa verde do feijão.

Para ajudar a festa do polegar em riste
do giz a poltrona de Paris partiu-se.
Ainda bem que a areia do corpo dela
era macia húmida e acolhedora tão boa
como o sofá das tardes às quintas-feiras.

Sem comentários: