sábado, 9 de janeiro de 2010

DESABOTOANDO O VITRAL

“Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados”
Chico Buarque in “Mulheres de Atenas”

Desabotoando o vitral do sorriso
Dos dentes sem cárie desbotados
Tinham comido laranjas azedas a mais
Esqueçeram impérios e imperialistas.

As mamas madrilenas da jornalista
Legendadas e em directo via satélite
Metade delas pelo menos a olho nu
Ai seriam um senhor petisco para os dedos.

Nesta prosa do erotismo sem metáforas
Profundo se até o Tango se dança a dois
Com noites da semana e pernas de Domingo
E do liberalismo económico tonto sem calções.

Nos atalhos da metafísica um Santo
Ou quase de um quase muito grande
E nos becos mal iluminados da dialética
Montavam-se um no outro à louva-a-deus.

E se alguêm merece ser amanhã
Que se ponha ordeiro no fim da fila
Mande vir um pratinho de caracóis
E ainda duas imperiais fresquinhas.

Desabotoando as cascas do sorriso
Amoras azuis morangos vermelhos
Não sei o que Pitágoras sabia melhor
Se matemática se música ou se palavras.

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