sábado, 9 de janeiro de 2010

CULPA DA BAINHA

“Tu dors mais c’est triste à mourir
D’être obligé d’partir
Quand Paris dort encore”
Jacques Brel in “Fernand”

Bainha por emendar fazer descer
Rainha por enganar nas palavras do prazer
Bainha sem espada afiada por levantar
Rainha sem escolta masculina para proteger.

Não era a tal rainha magrinha a fugir
Dos flashes olho-vivo dos fotógrafos
Nem culpa da bainha que sem querer
Mostrava as calcinhas a descer do autocarro.

Ah! Nem princesas quanto mais rainha
Não anda de camião de bus de trambolhão
Pode mostrar as coxas se for coisa que se veja
Com as pressas do protocolo lá se foi a bainha.

Era imigrante avantajada só filhos eram seis
O homem militar ao serviço da nova pátria
A exportar democracia com o soldo reforçado
Fardada a rigor para limpar as retretes.

A varrer o lixo dos cães das senhoras
De algumas princesas com o cio alterado
Era uma tainha das Caneiras no Tejo pescada
Quando ainda no garfo era fataça na telha.

A sombrinha estava presa nas pétalas da florzinha
A malinha-de-mão vinda de Paris para a tainha
Com casinha e etiqueta cravada era a espinha
Tinha uma pipa de massa e julgava que era coisinha.

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