sábado, 9 de janeiro de 2010

AREIAS NAVIO ESTUÁRIO SEM FIM

“Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos”
José Afonso in “Canta Moço

No contra-relógio dos desejos de vitória
Favas cebolas e açafrão da poesia
Meninas de carvão nos nichos de mercado
Apresentação primeira da nova ferrovia.

As feitorias dos bem-mal-feitores
Eram fronteiras baluartes de arte falsa
Que o dinheiro grande tudo compra
Até o bom gosto e a má-inveja.

Brasil de ventre breve coxas imensas
Areias navio estuário sem fim
Seria arroz malandro de tamboril
Flor de acácia rosmaninho e alecrim.

Eram criadas de ricos homens
Desejos incertos do fumo digital
Mulheres a dias em casa dos remediados
Com folgas à sexta e feriado municipal.

O sabão raso do soldado a vulso
Tardes de sopa de cavalo cansado
Ração de guerra a dobrar na cantina
A visita nocturna à loja da albertina.

Dizia cada macaco no seu galho
Toda a injustiça para o chão
Acabei agora de sair do talho

Levo na mão o meu pedaço de pão.


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