“Mi amor, no es amor de mercado”
Silvio Rodriguez in “Por quien merece amor”
Quem iria pensar que aqueles dois
Com um cheiro forte a verão
Tinham para contar tantas histórias
De fivelas no cantinho das esplanadas.
Apressada decidida trabalhadora
Caminhava com os seus pés brancos
Como o formigueiro das formigas
Brancas nas asas e pretas no resto.
Pés pareciam pequenos enfiados à força
Nos sapatos encantados limpos pela cadela
Infanta que à lareira da cozinha se aquecia
A consolava e lhe secava todas as lágrimas.
A bichana vestida com pouca roupa
Era muita pele à mostra para a idade
Mas se quanto mais amor menos tecido
Assim diga-se até parecia uma freira.
Tal era a paixão sem princípio nem fim
Pelo filho mais velho do padeiro
Da melhor padaria do bairro de comer
E pedir mais antes mesmo de acabar.
Malvado coração de pedra coisas de verga
Que a trocou por uma finória altiva
Herdeira que trabalha no shopping para distrair
Filha do dono da loja dos relógios da Suiça.
sábado, 9 de janeiro de 2010
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