sábado, 9 de janeiro de 2010

CORACĂO DE PEDRA COISAS DE VERGA

“Mi amor, no es amor de mercado”
Silvio Rodriguez in “Por quien merece amor”

Quem iria pensar que aqueles dois
Com um cheiro forte a verão
Tinham para contar tantas histórias
De fivelas no cantinho das esplanadas.

Apressada decidida trabalhadora
Caminhava com os seus pés brancos
Como o formigueiro das formigas
Brancas nas asas e pretas no resto.

Pés pareciam pequenos enfiados à força
Nos sapatos encantados limpos pela cadela
Infanta que à lareira da cozinha se aquecia
A consolava e lhe secava todas as lágrimas.

A bichana vestida com pouca roupa
Era muita pele à mostra para a idade
Mas se quanto mais amor menos tecido
Assim diga-se até parecia uma freira.

Tal era a paixão sem princípio nem fim
Pelo filho mais velho do padeiro
Da melhor padaria do bairro de comer
E pedir mais antes mesmo de acabar.

Malvado coração de pedra coisas de verga
Que a trocou por uma finória altiva
Herdeira que trabalha no shopping para distrair
Filha do dono da loja dos relógios da Suiça.

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