1. Pedras
À beira-mar sacudia as areias do corpo
como quem
cuidadosamente acariciava
com a ponta dos
dedos a cobiça do basalto.
Na erva seca por
entre flores e malmequeres
onde por ser
verão só acontecem coisas boas
descobriam
lentamente sem pressas nenhumas
o verdadeiro caminho
na arte de cuidar flores.
Sem a inclusão
dos teus olhos nas minhas palavras
- palavras azedas
de lobo mau e espanta-a-lua
é impossivel voar
com as pedras sacras das capelas
nem tão pouco sobre a mina mais escondida da
ilha.
Peça escassa
entre as pernas, os estados unidos
não só não
encobriam as nádegas da laranjeira
mas ainda
destapavam os peitos da bandeira.
2. Ternura
Por vezes a
ternura alimento da poesia
é como na pedra
esticar a massa fresca
recheada das
metáforas dos teus beijos
polvilhada doce
da canela dos teus lábios.
As sombras dos
salgueiros, das águas do lago
faziam esvoaçar
as palavras escondidas
que feitas em
flor se cruzavam em silêncio
na primavera
precoce com as terras proibidas.
Mas o mar meu
amor era a lua da tua boca
desfolhando a
rosa, libertando o tempo
humedecendo a
areia, decifrando a chuva.
Ficou a memória,
a eterna saudade do vento.
3. Jasmim
Falava das dunas
da sedimentação do amor
do desafio de a
encontrar antes do inverno.
No fundo dos abismos
do outono anterior.
De musa vestida
para um novo romance
do chá da
salvação na tempestade de areia.
Na festa da flor
ainda antes da madrugada.
Das pedras
perdidas na história de Tebas
da romã persa da
civilização do império.
Na negação da
poesia inútil dos nossos dias.
Os seus cabelos reflectiam o oiro do seu brilho.
A luz intensa do luar espalhada pela cama.
Boa noite jasmim. Que seja assim. Mar azul.
A luz intensa do luar espalhada pela cama.
Boa noite jasmim. Que seja assim. Mar azul.
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