1. Noite
De noite na
escrivaninha escrevia longas cartas
com os sentidos,
sem a negação fria dos sábios.
Cartas de amor,
das margens intimas da decoração.
Que tinha sonhado
um banho partilhado sem criadas
sentido o desejo,
a humidade fina dos seus lábios
na ponta das
orelhas, na barriga com penas de pavão.
Foi então que a
princesa saíu do quarto
de branco vestida
e fartos peitos à mostra
com séculos e
séculos de gesso dourado
e muita riqueza
para gula do novo rico.
- Eram bonitos os
olhos escuros da guia.
2. Vidro
Urbanização
matinal e população diurna
habitava a
guarnicão neo-gótica que demarcava
os montes
fronteiriços do seu território sagrado.
Dama de companhia
com linha e agulha
a coser para subir
a saia-cambraia da bainha
a cozer
couve-flor no fogão da alimentação.
Terra de
piscicultura e fábricas de vidro
Schiele nas
encostas precoces da decadência
dizia de olhos
fechados e tinta nos dedos
a Wally por
modelar mel de acácia tão boa:
- Deito-me ao
anoitecer nas nuvens brancas
na espuma doce da
tua cerveja de algodão
e levantas-te
vermelha em pêlo no fogo do linho
na intensidade de
todas as aguardentes do vinho.
Foram corridos os
dois da cidade sem piedade.
3. Salão de fumo
Caça pesca e a
instalação da luz eléctrica
fingindo ser
prima de princesa cartaginesa
que a beleza era
afinal rara entre a fidalguia.
Profecia popular
liturgia e pijamas de seda
pela olaria dos
caminhos de gente fina
sem retocar, era
de meter medo aos lobos.
Com condessas,
putas caras e moedas de ouro
criadas
camponesas e outras filhas do povo
peparadas para
tudo, até para fugir da vida.
Pelas janelas
discretas do carvão do castelo.
Pelas escadas de
pedra da derivação da morte.
Poder ser
cachimbo, diversão e salão de fumo.
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