1. Maçã
O saber
pacientemente cultivado do olfacto
despedindo os
braços ao aproximar o porto
ficou para sempre
retocado de negro
com o perfume dos
teus olhos
e o sabor da tua
pele ausente.
Folha meiga de
avelã aveludada.
Com a rota dos
sabores do teu corpo
e o azeite virgem
das tuas pernas.
- A maçã que eu
gosto tem de ser azeda
e depois ser doce
até à boca envinagrada.
2. Segredo
Chegou à estação
no momento da festa
da entrega
fraterna e fina do sonho
com a oferta de
todos os beijos de prata.
A liberdade com
os lábios lascivos da lua
que para ficar
ainda mais a dois com o desejo
corre as cortinas
no corredor da impaciência.
Porque na torre é
a hora de me perder em ti.
O cobre do meu
segredo mais bem guardado.
O teu sorriso é
onde quero passar a sonhar.
Pátria nova para
ficar e viver até ao último dia.
3. Tapeçaria
A madeira do
pinho quase mansa das mãos
descia a
tapeçaria oriental das tuas costas
e descansava na
almofada da sala de espera
junto à parede
azul da joalharia da cintura.
Entrava na
sapataria da praça com os teus olhos
à procura do
provérbio assírio do amor livre
que agora se
perdia pelas ruas estreitas da cidade.
Com a teologia
decorada e as espadas da compaixão.
Com o infinito
perfume que nos chegava da fonte.
O inventário que
nos fazia a acreditar na eternidade.
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