1. Vertigem
Da lua da
admiração e adoração
ao doce de tomate
feito contigo
durante horas e
horas na pequena sala
que fazia em
Veneza de quarto de hotel.
As águas furtadas
do património sensual do sol.
Letal o veneno
bom da vida
escorria pela
falésia até à margem
enquanto o metal
fino do ventre
ardia lentamente
no poço fundo da vertigem.
Dormiram o diacom
as portas da baía abertas.
2. Sorriso
Parada de pé com
as dunas por perto
dava as boas
vindas a quem chegava por bem.
Com a justa
ilusão pretérito da felicidade
dos tempos novos
do nosso tempo.
De pé contra a
chuva e contra a neve
ao longo da longa
avenida da nossa cidade.
Para mãe tão
jovem como aquela, deitada
em julho sobre a
toalha da solidariedade
chega bem o
biquini ou ainda menos, ousada
para nos fazer
imaginar o que é a necessidade.
O anel os brincos
a pulseira sobre a pele do ventre
e aquele sorriso
único, feito ingénuo, tão malandro.
3. Framboesa
O vento feminino
da manhã
tinha lábios
frescos de framboesa
e deixava marcas
de fome
em quem quase
morria de sede.
Por ser sem
poesia, verão verdadeiro
e o sol brilhar
intenso na sua pele.
Tanto que a
madrugava anunciava
no princípio do
dia, depois do café
as bocas de
estanho e os beijos de amora.
Ainda eras tu que
a colcha reflectia.
Perfil da tua
sombra a contra-luz
que ainda hoje
nos fascina e me seduz.
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