quinta-feira, 9 de agosto de 2012

NEM TUDO ERA METÁFORA


"a língua como que se parte, corre
um ténue fogo sob a minha pele"
Safo (Trad. P.E.S. Ramos)

A inquietação consome os argumentos
a necessidade colectiva da obediéncia
a decadência com a rendição assegurada.
A prisão da boca a porta fechada do rio.

A persuasão multiplica a surpresa
o vazio da alma do prisioneiro incómodo.
A comoção da conversa fiada da tragédia
do desembarque falhado na Sícilia.

Espertalhão em nome da soberania do verbo.
Puta em leilão feita velha nau portuguesa.
A folha de limão da codificação da revolta
que a pobreza seria indispensável ao progresso.

Felizmente nem tudo era metáfora e desencantos.
Enquanto a vaidade preparava novas conquistas
algures amantes trocavam de corpos na cama.
De líquidos nos lábios e de maresias nos sexos.

Sem comentários: