terça-feira, 23 de dezembro de 2008

HOSPITAL

Por momentos até me convenci que era filho
do primeiro ministro e me escoltavam
com uma sopa de cogumelos e pepinos
envinagrados que só de olhar me agonia.

Descuidado comecei distraído a trincar
– o pepino não! – suave suavemente a enfermeira
de bombom com licor de cereja quando a doutora
me chamou à atenção – que não era permitido.

Pedi desculpa às duas beijei as mãos dedo a dedo
tinha uns olhos castanhos lindos de comer e chorar
por mais chamava-se Gyöngyi pérola de hospital.

Nesse momento chegaram com sonoro urgente
duas ambulâncias de papel carregadinhas
de caças efes cincos e migues vinte e tantos.

Estes amigos anti-pepinos que me rodeiam
trouxeram um ramo de malmequeres
e um par de calças lavadas e passadas a ferro
contra as melgas e os moscardos da guerra.

Budapeste, 02.11.1980.

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