terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FILOSOFIA DE ESTUDANTE

À Maria João

Às vezes quero escrever e não sei!
Talvez seja do vazio inesperado das palavras
e da filosofia desmentida dia após dia
as muitas teorias – baratas – da conspiração
e a mitologia universal por interpretar.

Quero viajar na liberdade da poesia
com as metáforas do vento
na procura da luz verdadeira
que um dia talvez encontre e afinal
só pontapeio latas como aprendi em Charlot.

Nesses momentos é que eu sei
que um sapato mesmo roto é um sapato
não é um camelo de infinitas terras frias
que mesmo acompanhado mesmo sozinho
o caminho pelo deserto tem de ser meu.

Depois um camelo como eu era
como eu sou anda descalço e feliz
não dá pontapés nas pedras não interpreta
apenas as transforma e as canta
na emoção das histórias por inventar.

Às vezes quero escrever e não sei!
Até porque hoje o fascínio não chegou
dissimulado de surpresa como costuma
nas roupas lindas da novidade do luar
nas roupas intensas das asas do prazer.

Budapeste, 25.11.1980.

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