terça-feira, 23 de dezembro de 2008

DE BUDAPESTE A MONTEVIDEU

Para Eduardo Bleier
Para Daniel Maňana

Mi hermana geografía mi hermana libertad!

Oferecem os garfos das veias colectivas
aos filhos da terra à guerra à medicina
uma caixa de bolachas de água e sal
aos miúdos inquietos do bairro insubmisso.

Em Budapeste os cantoneiros
dos paralelepípedos e passeios do betão
tem dores nas costas e mãos gretadas
os salários em dia dentes de tabaco.

Mi hermana geografía mi hermana libertad!

São operários vão de autocarro ao trabalho
e de volta comem batatas cozidas
carne panada e sopa e salada.
pão muita paprika banha e toucinho.

Só jogam às cartas se a dinheiro bebem
cerveja vinho e aguardente de ameixa
enchem de fumo as tabernas nas caves
e são adeptos do Fradi a toda a hora.

Mi hermana geografía mi hermana libertad!

Bebemos mate mascámos desejos
apaixonados nas nascentes naturais da água
com espelhos trazidos de Montevideu
e os desenhos de pequenas begónias da paixão.

Meu irmão Gerardo! Meu irmão Daniel!

Budapeste. 29.10.1980.

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