terça-feira, 23 de dezembro de 2008

CHOCOLATE

Com Zetho no Chocolate

E depois mesmo aqui continuo
anónimo a contar ao contrário
a minha história e a negar a negação.

Entre orelha de porco e salada de polvo
petingas e carapaus fritos em azeite
copinhos de ginja e de medronho.
Continuo a dizer sim a dizer não
a desertar o pseudónimo do amor.

Mesmo aqui este desejo permanente
de te encerrar na ilusão da poesia
na prisão mais húmida e mais sombria
da minha alucinação ibero-continental.
Esse bichinho de pêlo macio!

O gato da casa dormia serenamente.
Quem iria pensar que sonhava perdidamente
com o seu primeiro e único amor
bruscamente interrompido por uma rua
da cidade atravessada com pouco cuidado.


Santarém, 18.08.1980

*Zetho Cunha Conçalves. Poeta e amigo

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