terça-feira, 23 de dezembro de 2008

GDANSK E GDINIA DO POVO

Pregos espetados na indústria pesada
no fumo de ferro e na voz de aço
nas escamas de peixe estragado
dos estaleiros navais da classe operária
talvez agrícola se na debulha do milho.

Linhas infinitas de tesouros de Deus
único no céu de mármore fresco
de santos de gesso e anjos de barro.
Um Jesus tão próximo tão filho do povo
salgueiros de um Vístula luminoso
e uma Silésia densamente arquitectada.

A jovem mulher do ferroviário dormia
cansada das noites em branco dos gémeos
dos peitos e das mamadas de bocas a dobrar.
O comboio vigiado de novo atrasado
maquinistas de gravatas e muito poder
passageiros inconformistas que posso dizer?

Strasbourg, 27.08.1980.

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