terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FELSZABADULÁS TÉR

À ceguinha da Praça Felszabadulás
no seu banquinho a vender senhas
de lottó e bilhetes de autocarro.

Invadem os atalhos íntimos das novas palavras
com uma bandeja de tojo e de espinhos
nas unhas meigas dos olhos.

Uma bandeja de papelão
decorada com as tintas do sorriso mais triste
escurecido pelo ar tenso da capital.

Sentam-se em silêncio no primeiro banco
ninho de cobra na berma perfumada do luar
para se aconchegarem e esquecerem.

Talvez um dia o rouxinol do filho do sol
receba arenoso o apelo do infortúnio
e chegue urgente com dois molhos
de lilases e esmeraldas valiosas no bico
e as deponha sobre os seus olhos sem luz

Budapeste, 30.09.1980.

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