1. Porta aberta
Quando a porta
está aberta
há sempre uma
chave a mais
que não faz falta
nenhuma
quando a amante
está à espera.
Eram rosas soltas ao vento.
Eram libiscos e dálias vermelhas.
Lábios amargo-doces pintados
colados às abelhas dos meus.
Na areia, o sal molhado dos corpos
fazia crescer a
salmoeira da língua.
Havia um comboio
de paixão infinta
escondido, a
brilhar nos teus olhos.
2. Deusa
Cumprindo a
promessa antiga
de ficar até ao
fim da vida
até ao corredor da
eternidade
com o seu amado povo.
com o seu amado povo.
Lentamente de
mansinho
com todo o
esplendor azul da água
a deusa do povo desceu as
escadas
retirou a túnica
de linho-virgem
e disse: aqui
estou. Sou vossa. Sirvam-se.
3. Sobremesa
Falcão da rainha
palácios e peregrinação.
Saudade e beijos
mil, paixão a saber a sábado
pelo veneno poção da dança do escorpião.
pelo veneno poção da dança do escorpião.
A mesa ainda
antes da festa da inauguração
perna assada de ganso
com couve vermelha.
A meia luz, a
sobremesa há muito prometida.
Era um mundo
moderno pragmático, em on-line
até a poesia
se pagava com cartão de crédito.
Depois olhar para
ti como um rio ou um mar
onde manso ou
salgado, todos queriam navegar.
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