quarta-feira, 10 de setembro de 2014

VI. A Universidade a Mirra e o Bicho-da-seda



1. Universidade

Caminhava na terra das tulipas dizia a tradução
por debaixo da leoa por gosto e por tradição.
Pelos campos húmidos pelas terras do coração
com a água exacta conquistada à fresquidão

Convidado estrangeiro da universidade a norte
dissertava sobre a cerveja antiga da Mesoptamia.
Sobre os segredos da legislação codificada
nas planícies do Nilo nas margens da cevada.

Sorria, poucas frases antes da sorte ficar triste
de se deixar envolver pela solidão do passado.
Porque a fermentação - depois banida pelo islão
tinha sido elevada a monopólio de estado.

2. Mirra

Estava escrito que a punição mais desejada
seria afogar a sede na espuma expessa
da cerveja fêmea na cave da tua garrafa.

Deixar-se ficar durante toda a semana
mais o sábado santo e domingo de ramos
da noite de Páscoa até à primeira madrugada.

Hebraica a mirra do mistério da permissão
especiaria e centeio, condimento e profecia
na fronteira proibida da erva-doce dos teus lábios.

Porque deusa mesmo sem um deus comum
eras a aventura em cada pensamento
a alegria incontida em cada pulsação
o melhor gosto em cada pedaço do teu pão.

3. Bicho-da-seda

Bicho-da-seda, folha de amoreira e algodão
era pequeno o quarto de vestir e se despir
da bela rainha para mudar e se preparar.

Depois não esquecer e chamar pela mãe
quando pelo gemer do violino já for tarde demais.
Sabe-se que amor de madre resiste até ao fim.

Como terá sido acasalar com tanto quadro?
Tantas santas tantas cópias da Virgem nas paredes?

Roma e amoras com milho para os pobres.
Circo de outrora, vaticano e inquisição
da estátua de prata e ouro bordada
e esse rico homem em jeito de consolação.

Sabendo de tanto dinheiro tão mal empregue
Que diria aos fieis o Senhor da cana verde?

Sem comentários: