1. Viúva
A jovem viúva do
delicado, velho
e respeitado
escrivão de Bagdad
passava as noites
e as madrugadas
passeando pelos
jardins submersos.
Por detrás das
sebes verdes
dos muros altos
da submissão.
Deambulava, inquieta toda
nua
por debaixo dos
escuros uniformes.
Confidentes só as escravas sabiam
por ela, pela vida que pena que era
deixar aquele
vulcão adormecer
e dormir assim,
sempre até morrer.
Como seria bom sonhar e saber
da roupa interior cor do entardecer
da roupa interior cor do entardecer
com cheiro íntimo a
alfazema.
Por cima da
sua cereja vermelha
por debaixo da poesia, do poema.
2. Eufrates
Tijela de barro,
rodelas de chouriço
e um fio de
azeite da Terra Prometida.
Fazer a barba com
pasta de dentes
e limpar os
dentes com creme de barbear.
Nas águas doces
de Mara de cara lavada
onde o amor em baunilha se banhava.
Sabes? Vai pregar para o
deserto
vender rosas geneticamente modificadas.
Promover ousada a
cultura urbana
lá para as margens
sem espinhos do Eufrates
na trevas anunciadas da
idade moderna.
E vais ver o que
te espera, velha raposa
intelectual,
incontornável e insubmissa.
Para ver se
acontece o milagre da água
- nadar em
biquini pelas praias da Pérsia.
3. Saúde
Ao início da
tarde depois de um bom almoço
entre cafés fumo
expesso e aguardentes várias
após longa discussão,
eruditos e pensadores
concordavam com a
teoria do fim do mundo
e a impossibilidade de se levar à prática
como tantas
outras ideias de mais para a época.
Puta de vida,
galinha da sorte, partida da morte
logo agora quando
bebia um cacau especial
bebido com o
baton chinês da tua boca.
A calcinha por lavar estava esquecida
no parapeito da
janela interior da cozinha
indicava tudo
sobre a saúde e alimentação.
Rapariguinhas bem
estar e clínica dentária
na Niníve
pecadora o verão acabou de vez.
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