quarta-feira, 10 de setembro de 2014

XIII. A Viúva o Eufrates e a Saúde



1. Viúva

A jovem viúva do delicado, velho
e respeitado escrivão de Bagdad
passava as noites e as madrugadas
passeando pelos jardins submersos.

Por detrás das sebes verdes
dos muros altos da submissão.
Deambulava, inquieta toda nua
por debaixo dos escuros uniformes.

Confidentes só as escravas sabiam
por ela, pela vida que pena que era
deixar aquele vulcão adormecer
e dormir assim, sempre até morrer.

Como seria bom sonhar e saber
da roupa interior cor do entardecer
com cheiro íntimo a alfazema.
Por cima da sua cereja vermelha
por debaixo da poesia, do poema.

2. Eufrates

Tijela de barro, rodelas de chouriço
e um fio de azeite da Terra Prometida.

Fazer a barba com pasta de dentes
e limpar os dentes com creme de barbear.

Nas águas doces de Mara de cara lavada
onde o amor em baunilha se banhava.

Sabes? Vai pregar para o deserto
vender rosas geneticamente modificadas.
Promover ousada a cultura urbana
lá para as margens sem espinhos do Eufrates
na trevas anunciadas da idade moderna.

E vais ver o que te espera, velha raposa
intelectual, incontornável e insubmissa.
Para ver se acontece o milagre da água
- nadar em biquini pelas praias da Pérsia.

3. Saúde

Ao início da tarde depois de um bom almoço
entre cafés fumo expesso e aguardentes várias
após longa discussão, eruditos e pensadores

concordavam com a teoria do fim do mundo
e a impossibilidade de se levar à prática 
como tantas outras ideias de mais para a época.

Puta de vida, galinha da sorte, partida da morte
logo agora quando bebia um cacau especial
bebido com o baton chinês da tua boca.

A calcinha por lavar estava esquecida
no parapeito da janela interior da cozinha
indicava tudo sobre a saúde e alimentação.

Rapariguinhas bem estar e clínica dentária
na Niníve pecadora o verão acabou de vez.

Sem comentários: