quarta-feira, 10 de setembro de 2014

X . As Promessas a Península e a Malícia



1. Promessas

Canavial de promessas do agosto do seu corpo
além do mar para cá do olhar esse cheiro a terra.
Escreveu no parapeito ao fim da primeira manhã:

-Contigo aprendi o amor sem amarras nem condição
como percorrer o caminho exacto do verbo amar.
Assim mesmo, do fundo da lua que há em mim
das profundezas submersas do que é o meu coração.

De uma só vez desaperta o sutiã e aperta os dedos.
Com uma só voz faz-se refém da cultura que faz bem.
Salmão de águas doces e refeição a dois fora de horas.

Era um enigma a lingua geometricamente desenhada.
Apreciar melhor o paladar no chocolate do teu olhar.

2. Península

Consagração a meia-luz na passagem à península
que solidária nos protegia do mau-olhar e da inveja
dos que não sabem nem querem saber o que é bom.

Na equação salgada do teu corpo de água e mar
peixe e pássaros verdes no fim inclinado da tarde.
Erudita e artesanal, a extracção profunda do areal.

Língua de gato, educação e literatura de cordel
antes do acesso proibido à sedução madressilva.
No hotel da ilha que há muito nos esperava.

Com o sonho intacto na filigrama da fábula e ficção.
Nos remos do barco sobre as ondas em repouso.
Era para ti que cantavam na decantação do sal.

3. Malícia

O vestido frágil cor-de-papoila
era curto, janela aberta de universo sedutor.
As sandálias como que se multiplicavam
estavam espalhadas por toda a sala.

Os cabelos longos estavam presos
como um ramo de flores que a manhã
cúmplice e gentil lhe ofereceu sorrindo.

Terra de fogo, boca vulcão mina de pedra.
Os pés acariciavam com malícia
a barriga masculina do mármore.

A musa do mar que trazia com ela
com as ondas, todas as metáforas da magia
para o navegante poder admirar e depois traduzir.
Levar para a praia com as palavras da poesia.

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