1. Promessas
Canavial de
promessas do agosto do seu corpo
além do mar para
cá do olhar esse cheiro a terra.
Escreveu no
parapeito ao fim da primeira manhã:
-Contigo aprendi
o amor sem amarras nem condição
como percorrer o
caminho exacto do verbo amar.
Assim mesmo, do
fundo da lua que há em mim
das profundezas
submersas do que é o meu coração.
De uma só vez
desaperta o sutiã e aperta os dedos.
Com uma só voz
faz-se refém da cultura que faz bem.
Salmão de águas
doces e refeição a dois fora de horas.
Era um enigma a
lingua geometricamente desenhada.
Apreciar melhor
o paladar no chocolate do teu olhar.
2. Península
Consagração a
meia-luz na passagem à península
que solidária nos protegia
do mau-olhar e da inveja
dos que não sabem
nem querem saber o que é bom.
Na equação salgada do teu
corpo de água e mar
peixe e pássaros
verdes no fim inclinado da tarde.
Erudita e
artesanal, a extracção profunda do areal.
Língua de gato,
educação e literatura de cordel
antes do acesso
proibido à sedução madressilva.
No hotel da
ilha que há muito nos esperava.
Com o sonho
intacto na filigrama da fábula e ficção.
Nos remos do
barco sobre as ondas em repouso.
Era para ti que
cantavam na decantação do sal.
3. Malícia
O vestido frágil
cor-de-papoila
era curto, janela
aberta de universo sedutor.
As sandálias como
que se multiplicavam
estavam espalhadas
por toda a sala.
Os cabelos longos
estavam presos
como um ramo de
flores que a manhã
cúmplice e gentil lhe ofereceu sorrindo.
Terra de fogo,
boca vulcão mina de pedra.
Os pés
acariciavam com malícia
a barriga
masculina do mármore.
A musa do mar que
trazia com ela
com as ondas,
todas as metáforas da magia
para o navegante
poder admirar e depois traduzir.
Levar para a
praia com as palavras da poesia.
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