quarta-feira, 10 de setembro de 2014

VII. A Vertigem o Sorriso e a Framboesa



1. Vertigem

Da lua da admiração e adoração
ao doce de tomate feito contigo
durante horas e horas na pequena sala
que fazia em Veneza de quarto de hotel.

As águas furtadas do património sensual do sol.

Letal o veneno bom da vida
escorria pela falésia até à margem
enquanto o metal fino do ventre
ardia lentamente no poço fundo da vertigem.

Dormiram o diacom as portas da baía abertas.

2. Sorriso

Parada de pé com as dunas por perto
dava as boas vindas a quem chegava por bem.

Com a justa ilusão pretérito da felicidade
dos tempos novos do nosso tempo.
De pé contra a chuva e contra a neve
ao longo da longa avenida da nossa cidade.

Para mãe tão jovem como aquela, deitada
em julho sobre a toalha da solidariedade
chega bem o biquini ou ainda menos, ousada
para nos fazer imaginar o que é a necessidade.

O anel os brincos a pulseira sobre a pele do ventre
e aquele sorriso único, feito ingénuo, tão malandro.

3. Framboesa

O vento feminino da manhã
tinha lábios frescos de framboesa
e deixava marcas de fome
em quem quase morria de sede.

Por ser sem poesia, verão verdadeiro
e o sol brilhar intenso na sua pele.

Tanto que a madrugava anunciava
no princípio do dia, depois do café
as bocas de estanho e os beijos de amora.
Ainda eras tu que a colcha reflectia.

Perfil da tua sombra a contra-luz
que ainda hoje nos fascina e me seduz.

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