1. Ilha
O mar meigo e o
sol agora feito prata
juntamente com a
brisa vinda do sul
suavemente acariciavam com ternura
a tua pele lisa da porcelana mais rara.
Com a ponta das
unhas cálidas, a poesia
a intimidade
fascinante dos nossos segredos.
Com os beijos no
aeroporto dos desejos
a margem
inacessível, a ponte da utopia.
Em Milão vimos da
Vinci e um inesperado Rodin.
Depois foi Chagall e Matisse, o jardim das delícias
sem véu nem moral
pública, antes de naufragarmos
nas águas fundas
do mar negro dos teus olhos.
2. Comboio
O comboio
suburbano
e os carris de
longo curso
tinham como
destino
as encostas
suaves
e os
desfiladeiros verdes
do teu perfeito
país.
As penas de ave ardente
de rosa roxa multiplicavam-se
com as folhas das
amoreiras.
A namorada eterna
do vento desnudava-se
- peça a peça - pelo caminho da maresia
que levava até à
fonte mais fresca da alegria.
Boas vindas, o perfume de agosto intenso
dos campos de
levanda da primavera
entregava-se à
minha cidade de outono.
3. Klimt de
Viena
Areia firmes
vegetação rasteira, musgos e azulejos
onde não era
possível não escorregar em ti
nos lagos e rios,
bem dentro das redes de pesca.
A água dos teus lábios
era o estuário dos desejos.
Argumentava em
segredo com sedas de sedução
de incendiar o
coração com o fogo da saudade
nos xistos do
amor, na tua nudez a céu aberto.
Da partilha do
sol nas madrugadas do novo chão.
Assim com o pássaro
matinal que a cantar me acordava
com os rostos tãos
lindos das luas, da lua do meu destino.
Do castelo do sonho, Klimt de Viena, da
catedral da paixão.
O mapa da vida
não mostrava a noite do nosso reencontro.
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