quarta-feira, 10 de setembro de 2014

XIV. A Ilha o Comboio e Klimt de Viena



1. Ilha

O mar meigo e o sol agora feito prata
juntamente com a brisa vinda do sul
suavemente acariciavam com ternura
a tua pele lisa da porcelana mais rara.

Com a ponta das unhas cálidas, a poesia
a intimidade fascinante dos nossos segredos.
Com os beijos no aeroporto dos desejos
a margem inacessível, a ponte da utopia.

Em Milão vimos da Vinci e um inesperado Rodin.
Depois foi Chagall e Matisse, o jardim das delícias
sem véu nem moral pública, antes de naufragarmos
nas águas fundas do mar negro dos teus olhos.

2. Comboio

O comboio suburbano
e os carris de longo curso
tinham como destino

as encostas suaves
e os desfiladeiros verdes
do teu perfeito país.

As penas de ave ardente
de rosa roxa multiplicavam-se
com as folhas das amoreiras.

A namorada eterna do vento desnudava-se
- peça a peça - pelo caminho da maresia
que levava até à fonte mais fresca da alegria.

Boas vindas, o perfume de agosto intenso
dos campos de levanda da primavera
entregava-se à minha cidade de outono.

3. Klimt de Viena

Areia firmes vegetação rasteira, musgos e azulejos
onde não era possível não escorregar em ti
nos lagos e rios, bem dentro das redes de pesca.
A água dos teus lábios era o estuário dos desejos.

Argumentava em segredo com sedas de sedução
de incendiar o coração com o fogo da saudade
nos xistos do amor, na tua nudez a céu aberto.
Da partilha do sol nas madrugadas do novo chão.

Assim com o pássaro matinal que a cantar me acordava
com os rostos tãos lindos das luas, da lua do meu destino.
Do castelo do sonho, Klimt de Viena, da catedral da paixão.
O mapa da vida não mostrava a noite do nosso reencontro.

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